Por: Fernanda
Nos últimos anos, a expansão do Primeiro Comando da Capital (PCC) tem se mostrado um
fenômeno alarmante e desafiador para as autoridades de combate ao crime em nível global.
Fundada em 31 de agosto de 1993 por oito presidiários, no anexo da Casa de Custódia de
Taubaté, chamada de "Piranhão", essa organização criminosa brasileira não apenas se
consolidou como a maior facção do país, mas também ampliou suas operações para 24
países, contando atualmente com mais de 42 mil membros. Esse crescimento reflete uma
estrutura sofisticada e altamente organizada, capaz de atuar no tráfico internacional de
drogas, enviando entorpecentes para cinco continentes.
A história do PCC começa a ganhar força após o Massacre do Carandiru, em 2 de outubro
de 1992, quando a Polícia Militar matou 111 presidiários no pavilhão 9 da extinta Casa de
Detenção de São Paulo. Inicialmente focada em apoiar presos e suas famílias, a
organização rapidamente se voltou para atividades criminosas lucrativas. No início, o PCC
era conhecido como “Partido do Crime”, afirmando que pretendia combater a opressão
dentro do sistema prisional paulista e vingar a morte dos presos no massacre do Carandiru.
O grupo usava o símbolo chinês do equilíbrio yin-yang em preto e branco, considerando que era "uma maneira de equilibrar o bem e o mal com sabedoria".
Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, é a figura central do PCC.
Preso desde 1999, ele ajudou a transformar o grupo em uma poderosa rede criminosa. Sob
sua liderança, a facção se expandiu internacionalmente, estabelecendo presença em
diversas partes do mundo, incluindo EUA, Europa e Oriente Médio. Marcola é visto como o
estrategista por trás da transformação do PCC em uma organização criminosa global.
A internacionalização do PCC evidencia um problema multifacetado. Primeiramente,
destaca a fragilidade das fronteiras nacionais e a capacidade limitada das forças de
segurança em conter a expansão do crime organizado. A facção tem se infiltrado em
mercados de drogas em diversos países da América Latina, Europa, África, Ásia e Oceania,
estabelecendo redes de distribuição complexas e eficientes. Essa globalização do tráfico
tem implicações diretas na segurança pública e na saúde das populações envolvidas, além
de fomentar a corrupção e a violência.
O PCC possui laços com grupos mafiosos internacionais, como o clã Šaric da Sérvia e a
‘Ndrangheta da Itália. O faturamento anual da organização é estimado em pelo menos
US$1 bilhão, com 80% vindo do tráfico internacional de drogas. Além disso, a facção
também lava dinheiro através de atividades lícitas e possui ligações com o Estado em
algumas cidades de São Paulo. A diversificação das operações da organização criminosa
incluiu o uso de diferentes métodos para despachar drogas e a exploração de novos portos.
A capacidade da facção criminosa de operar em mercados internacionais chamou a
atenção do governo americano. Em 2021, o PCC foi incluído em uma lista de bloqueios da
Agência de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC). A resposta a essa ameaça global
exige uma abordagem multifacetada e cooperativa entre os países afetados. A troca de
informações, a cooperação policial e judicial internacional, e a implementação de políticas
públicas voltadas para a prevenção do crime são essenciais para conter a expansão do
PCC. Além disso, é necessário investir em políticas sociais que possam reduzir a
vulnerabilidade de comunidades ao recrutamento pelo crime organizado, oferecendo
alternativas viáveis e sustentáveis para jovens e populações de risco.
Em conclusão, a expansão do Primeiro Comando da Capital para além das fronteiras
brasileiras é um reflexo da globalização do crime organizado. Enfrentar esse desafio requer
uma ação coordenada e estratégica entre os países afetados, combinando repressão ao
tráfico, prevenção ao crime e promoção de justiça social. Somente com esforços conjuntos
será possível reduzir a influência dessa organização criminosa e promover a segurança e a
paz em âmbito global.
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