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Cesar Moutinho

Desastre Ambiental: Água, fogo, seca e chuva preta



EDITORIAL
A região sul viveu dias afogada e boa parte do Brasil virou uma fogueira acumulando prejuízos econômicos e a saúde da população



Durante o mês que o Rio Grande do Sul passou com sua capital e boa parte do território sob as enchentes, falava-se – com base em estudos ou no simples achismo - que todo o Brasil  poderia, em breve, ser assolado pela crise climática. Argumentou-se que dificilmente seria no mesmo padrão da tormenta gaúcha, pois a topografia das outras regiões não é a mesma do Sul, onde proliferam rios e o relevo é serrano. Mas a tormenta chegou. Não pela água, mas pelo fogo. Desde que se faz o monitoramento, nunca se viu tantos focos de incêndios em tanto lugar. Não só a Amazonia e o pantanal, áreas frequentemente devastadas pelos incêndios florestais. O industrializado e densamente habitado Estado de São Paulo também virou uma fogueira e contabiliza elevados prejuízos, o sofrimento das pessoas, dos animais e o dano da infraestrutura  no campo e na cidade, entre outros problemas. A Amazonia, de quebra, vive uma das piores secas, que já fez baixar o nível dos seus rios e parar o transporte hidroviário, que é único em muitos pontos da região


A fumaça e a fuligem resultantes dos incêndios formam a desordem ambiental. Tanto que hoje o problema é a chamada “chuva preta”, composta pelas partículas em suspensão. Ela tem caído no Sul, na cidade de São Paulo e em cidades do interior, provocando o desconforto da população. A fumaça, que “fecha” o tempo também faz baixar o oxigênio  da atmosfera e traz – ou agrava – problemas respiratórios. Vivemos a catástrofe do fogo que, até o momento, ainda é preocupante e não dá sinais de arrefecimento.  E o pior é que, ainda assim, há indivíduos psicopatas e/ou criminosos que ateiam fogo na mata, por habito, ignorância ou instinto perverso.



O presidente Lula já anunciou que dentro de alguns dias vai encaminhar ao Congresso medida provisória instituindo a Autoridade Climática, para enfrentar o fogo e suas conseqüências. Que se apresse e convoque todos os recursos alcançáveis para readquirir o controle da situação. Fonte do governo pensa, até, em reabilitar o Horário de Verão, que por décadas vigorou no país, para o agrado de uns e o mau-humor de outros. Pensamos que essa deva ser uma medida bem estudada e só seja colocada em prática se realmente tiver razão de momento utilidade comprovada para o enfrentamento do problema climático. Não valerá o motivo antigo de evitar o horário de pico de consumo de eletricidade que, no passado, era o anoitecer onde todos tomavam banho, acendiam-se as luzes e poderia cair a força. O pico de consumo de hoje não é mais na pasag em da tarde para a noite, mas no meio do dia e à tarde, quando ligam-se os aparelhos de ar-condicionado.


Há muito tempo reclama-se da falta de uma política ambiental competente em nosso País. Especialmente do fogo na Amazonia e em outras áreas, tema muitas vezes utilizado oportunisticamente no debate político e pelos estrangeiros que destruíram as florestas de seus países e hoje querem interferir na nossa. Os ambientalistas brasileiros que mais se beneficiaram politicamente e construíram carreiras eleitorais do que defenderam a nossa Natureza também pouco fizeram e agora, quando o fogo chegou, tentam mitigar o prejuízo. Precisam cuidar para não repetir suas atitudes que no passado já se mostraram inóquas e ineficientes para a causa ambiental


Nós, os brasileiros, soubemos da pior forma qual é o problema climático que - diferente das aguas do Sul – ameaça as outras regiões do País. É preciso seriedade, investimento, tratamento técnico e ausência da política partidária nesse empreendimento.  Até porque tanto a água quanto o fogo, quando chegam, não reconhece quem é de esquerda, centro ou direita e atinge a todos indistintamente. Todos nós, acima de nossas convicções, se não nos prejudicamos com a ação direta das ditas forças da natureza, fatalmente teremos de pagar a conta dos prejuízo. Ela virá para toda a comunidade, na forma de elevação de preços nos gêneros alimentícios e outros insumos cujo produção foi prejudicada durante as tormentas. Arroz, feijão, milho, soja, cana e todos os produ tos que os desastres climáticos prejudicaram a produção, chegarão mais caro e nós teremos de adquri-los.


Não basta o discursos fáceis dos ambientalistas. Chegamos num tempo em que o desastre climático atinge a todos. A pretendida Autoridade – climática ou ambiental – não pode prescindir do aporte das universidades, do agronegócio e de todos os que tiverem soluções. Ainda mais: precisa ser uma solução integrada. Não basta cuidar só das águas ou do fogo. É preciso administrar a interação dos agentes naturais e, até, treinar o povo para não continuar agredindo indevidamente.


A região sul viveu dias afogada e boa parte do Brasil virou uma fogueira acumulando sérios prejuízos econômicos e a saúde das pessoas

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